Lamento dos Escritores

24/07/2015 22:36

Dia 25 de Julho comemoramos o Dia do Escritor

            A data celebra as pessoas dedicadas às palavras escritas. Sejam nos textos científicos ou fictícios, os escritores precisam ter a grande habilidade de entreter os leitores e, para isso, é necessário um vasto conhecimento de vocabulários, da gramática e ortografia, além de uma boa dose de criatividade e conhecimentos gerais do mundo.

            Origem do Dia Nacional do Escritor: A ideia de homenagear todos os escritores no dia 25 de Julho surgiu a partir do I Festival do Escritor Brasileiro, organizado na década de 60 pela União Brasileira de Escritores, sob a presidência de João Peregrino Júnior e Jorge Amado, um dos principais nomes da literatura nacional.

 

Escritores falam sobre a dura realidade em Mato Grosso

 

            Já se passaram dois anos desde que a ACADEPAN (Academia Lítero-Cultural Pantaneira) realizou o primeiro encontro reunindo escritores do estado de Mato Grosso com intuito de discutir e esclarecer quais as políticas públicas existentes voltadas ao incentivo da literatura em Mato Grosso, tanto no âmbito estadual quanto nos municípios. Na oportunidade foram discutidas as dificuldades encontradas pelos autores em publicarem suas obras bem como levá-las para dentro das escolas ou mesmo até os leitores. Outras demandas do universo editorial e da leitura foram debatidas durante o evento que ocorreu em julho de 2013, em Poconé.

            Do evento surgiu a “Carta de Poconé” que foi entregue ao Governo do Estado, Assembléia Legislativa e Associação Mato-grossense dos Municípios, na carta foi reivindicada a efetivação da Lei Estadual do Livro e Leitura nº 9940 e a implantação nos municípios das respectivas leis municipais. Por parte das autoridades e dos governos nada aconteceu. Até mesmo a Prefeitura de Poconé não moveu uma agulha para implantar a Lei Municipal do Livro e da Leitura.

            O presidente da ACADEPAN, escritor Walney de Souza, lembra que foram apresentadas duas importantes palestras com os temas: “Os desafios da criação: As exigências do mercado editorial” e o “Plano Estadual do Livro e Leitura, em articulação com a União e os municípios”

 

Reivindicações foram caladas:

            Apesar dos esclarecimentos e da força de vontade das pessoas presentes atitudes como “discutir entre vereadores e secretarias municipais de educação as dificuldades dos municípios quanto seu papel em promover o surgimento de novos escritores, bem como pensar a importância de oficinas como fator de estréia de muitos escritores, através da publicação de antologias (coleção de trabalhos literários), foram sonhos que ainda podem estar longe de serem realizados, declara Walney.

            “As prefeituras querem quanto mais se esquivar de responsabilidades como estas, assim mesmo é o papel dos governos estaduais em todo o Brasil, são omissos”, desabafa o escritor.

 

Poesias:

            Na poesia escritoras como Zeila Cecília e Maria Candidada, membros da ACADEPAN, que já publicaram livros do gênero enfrentam a dificuldade de muitos outros que é desmistificar a poesia. Temas que já foram discutidos em suas fronteiras do gênero educacional: literatura infantil, juvenil assim como seu caráter de literatura mais fácil de ir ao encontro do bem estar físico e mental.

            A poetisa e escritora Ângela Beatriz Prado Moura, lançou sua primeira obra em 1987, de lá pra cá já enfrentou muitos obstáculos para conseguir publicar outros livros.

 

História Regional

            Os escritores Honório Laucídio Galvão e Francisco Idelfonso Campos, também membros da ACADEPAN, apesar de já terem lançados mais de duas obras cada um, também enfrentam dificuldades em suas áreas de pesquisa e publicação de conteúdos históricos, assim como o recente escritor Antonio Pagiolli, que biografou mais de 100 cururueiros da região em sua obra já lançada. Todos possuem outras obras e aguardam recursos para publicação

             “As editoras de Mato Grosso e o próprio governo, seja estadual e municipal, deveriam minimizar os problemas enfrentados no espaço do escritor, do criador de conteúdos regionais e históricos identificando as dificuldades de publicação e distribuição e a falta de incentivo governamental e da iniciativa privada. Pensar as questões de compra por programas de governo”; defendem os escritores.

            O escritor Emílio Antunes de Moura já publicou vários livros, entre eles: Lendas do Rio Cuiabá (1ª versão, em 97), Mistérios do Pantanal, Barão de Melgaço no Tempo de Antes, entre outras obras, mais recentemente 'O romance de Siá Mariana e o Barão de Melgaço', em parceria. Sempre pesquisando, vivenciando a história, cultura e as raízes da língua pantaneira. Além destes, já está pronta uma série com um total de 25 livros. Todos relatam estórias escutadas durante a infância e fatos reais que ganharam notoriedade na imprensa. O que falta pra ele? Mais apoio.

 

Romance, ficção e fantasia:

            Walney de Souza que envereda tanto pela ficção e fantasia, quanto poesia e conteúdos históricos afirma que a literatura de ficção e fantasia, apesar de ser a mais procurada principalmente por jovens e adolescentes é o tipo de obra com maior dificuldade de ser aceita por programas governamentais e às vezes as próprias editoras.

            Hoje, no Brasil, a literatura fantástica (ou de fantasia) e ficção têm adquirido estatuto literário, com a publicação de antologias e também de romances e de livros de contos de autores que se dedicam ao gênero. “Visto que há público para o mesmo, sendo mais uma forma de arte; devemos identificar e questionar o preconceito das políticas governamentais (nas avaliações) para possíveis publicações valorizando em primeira linha conteúdos históricos e culturais deixando de lado esse gênero. Para minimizar esse cenário as autoridades deveriam apresentar propostas para uma melhor valorização desses autores que se dedicam à escrita da literatura fantástica”, defende Walney.

 

Novos Caminhos:

            Mas o problema no estado vai além do incentivo a publicação de livros, os escritores defendem que deve haver uma solução para problemas de questões que se relacionem à escrita, aos espaços, formas de distribuição e demandas.

            Novos métodos de comunicação e leitura vêem preenchendo a lacuna da ausência de publicação de livros, esse fator atrelado a internet obriga todos os escritores a providenciarem ou se envolverem com novas alternativas.

            A ACADEPAN, lança no sábado, dia 25, dia do escritor, o seu site oficial. No endereço www.academiacultural.webnob.com os internautas podem conhecer a instituição bem como seus membros e ter informação de tudo relacionado à cultura e a história da região pantaneira. “O site esta pronto para visitação, a partir dos primeiros 10 dias de visita vamos ver o que mais agradou, mudar alguma coisa ou mesmo acrescentar novas páginas, dependendo do leitor internauta”, declara Walney.

            Outro ponto de mudança de hábitos é o CD de poesia que será lançado pela ACADEPAN, poesias compostas e narradas por Orivaldo Ramos Costa, de Cáceres e Walney de Souza. O CD é intitulado Sentimento Pantaneiro e promete inovar a forma de apreciar poesias.

 

A Revolta:

            “É inadmissível que a lei de incentivo a cultura no estado mantenha quase um milhão e meio de reais destinados somente para a Orquestra de Mato Grosso e quase o mesmo valor para todos os outros projetos culturais, desde os de literatura até eventos religiosos; uma diferença gritante. E o que dizer da efetivação da Lei n°10.218 do dia 26 de dezembro de 2014, que passa a vigorar a Criação do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas ou a lei de fomento ao hábito de leitura nº 211/2014? Leis que não saíram do papel.

            Por fim concluímos que os escritores do estado de Mato Grosso definitivamente precisam ser não somente lidos, devem ser respeitados”, conclui Walney.