Adaptação animal
No imaginário, Pantanal é sinônimo de bicho. Considerado um dos maiores centros de reprodução das Américas, quase toda fauna brasileira está representada nesta região. A deslumbrante planície apresenta aos visitantes o espetáculo raro de ficar frente a frente com animais de grande e pequeno porte. As aves são um espetáculo à parte, uma infinidade de cores exclusivas do universo pantaneiro. O tuiuiú, ave símbolo do Pantanal, é avistado livremente, com sua imponente envergadura (com asas abertas) que pode chegar a dois metros. As garças promovem revoadas, as capivaras passam aos bandos e os numerosos jacarés, figuras mansas, ficam à espreita, ao redor das lagoas ou dentro d'água. O cor-de-rosa dos colhereiros, as araras-azuis-grandes, os biguás e a esperança de ver uma onça-pintada ou uma sucuri refletem a diversidade única do Pantanal.
Os períodos de secas e cheias modificam radicalmente as paisagens. Durante metade do ano as águas sobem e os animais não são avistados com frequência. Como estão adaptados à condição, refugiam-se nas áreas não-inundáveis, como as cordilheiras e capões. Já nos seis meses de seca, a fauna é encontrada facilmente. Os animais amontoam-se ao redor das lagoas para se alimentar dos peixes e plantas.
A fauna distribui-se conforme o regime das águas. Durante a vazante, formam-se brejos e lagoas temporárias em depressões rasas, onde ficam retidos inúmeros organismos. Assim como nos corixos (cursos d'água temporários), quando as águas secam completamente muitas espécies de peixes ficam retidas. A alta densidade da ictiofauna desses locais estabelece as condições ideais para a alimentação e reprodução de aves migratórias. Em grupos numerosos, muitas vezes diferentes espécies agrupam-se em viveiros e ninhais repletos de aves que vivem em colônias.
Outra singularidade pantaneira é a fauna aquática, com mais de 260 espécies de peixes, cuja responsável é a inundação. Seja de couro, de escamas, de grande ou pequeno porte, essa abundância se reflete na cultura pantaneira, pois grande parte do povo vive da pesca e detém conhecimentos valiosos da cultura regional. A região tem mais de 3.500 pescadores profissionais e a modalidade de pesca esportiva (pesque-solte) é um incentivo ao turismo regional.
Com a chegada das estações quentes e chuvosas no fim da primavera e início do verão, começa no Pantanal um dos maiores fenômenos da natureza, a piracema, quando grandes cardumes de peixes de várias espécies sobem os rios em direção às cabeceiras para se reproduzirem (migração reprodutiva). A piracema ocorre nas regiões de grandes inundações, com espécies de importância para a pesca, como o pintado, o dourado e o pacu. Há espécies que ficam nas lagoas remanescentes até a chegada da próxima cheia, à espera de novo encontro com o rio, quando aproveitam para voltar ao leito e buscar um local para a reprodução. Outras espécies adaptam-se às lagoas e ali vivem e se reproduzem com um número reduzido de ovos. Este é o caso da piranha e do cará, espécies consideradas forrageiras, por servirem como alimento para os peixes maiores.
Texto Inspirado em registros de Allison Ishy e Yara Medeiros