Guaraná Ralado

 

Guaraná ralado “O elixir longa vida”

 

            Uma das coisas que as cidades pantaneiras têm em comum é o prazer em bebericar o saboroso guaraná ralado.

            O guaraná é um arbusto típico de floresta amazônica, cujo nome científico é “ paulinea cupana”.

            O grande historiador Firmo Rodrigues afirma que o hábito de formar guaraná teria começado na baixada cuiabana, especialmente em Cuiabá, Nossa Senhora do Livramento, Barão de Melgaço, Santo Antonio de Leverger, Cáceres e Poconé por volta do Século XIX, trazido pelo capitão Bento Pires de Miranda, que pelo nome, tudo indica seja um dos patriarcas da família Pires de Miranda de Nossa Senhora do Livramento.

            Por suas propriedades terapêuticas e estimulantes a bebida é um xodó para todos aqueles que a consomem.

            Disponível em bastão, sementes, xarope, refrigerante ou em pó, o guaraná é facilmente encontrado em farmácias, supermercados, mercearias e até em lojas de conveniências.

           O ritual que envolve o preparo da bebida é composto de além das três águas, uma grosa (uma espécie de ralo), um copinho de vidro, uma colherinha, além do açúcar e da água.

            Algumas pessoas acreditam no seu valor nutricional como excelente energético natural, com  seu poder afrodisíaco.

Lenda do guaraná: Dizem os índios que, uma vez, há muito tempo atrás, vivia um casal que não conseguia ter filhos. Como eles queriam muito uma criancinha, rezaram para que tupã, o deus supremo, lhes fizesse a vontade. Tupã olhou nos corações do índio e das índia e viu que eles eram bons e honesto. Assim, rezou o desejo do casal e lhes deu de presente um menino.

            O indiozinho cresceu forte e bonito, trazendo muitas alegrias a seus pais e á tribo. Porém, o deus da escuridão, chamando jurupari (você já reparou que há sempre um malvado que vem estragar a alegria dos outros nas histórias de todos os povos?), começou a ter inveja do menino, exatamente porque ele trazia felicidade e muita paz a todos.

            A inveja cresceu, até que Jurupari resolveu acabar com aquilo de vez: aproveitou um momento de distração da criança e, transformando-se em cobra, mordeu o menino e matou- o com seu veneno.

            Todos ficaram desesperados com a notícia da morte do indiozinho. Mas, de repente, trovões estrondosos se viviam nos céus. A mãe da criança morta percebeu que o trovão era a voz de Tupã dizendo: “ Mulher! Planta na terra os olhos de teus filho tão injustamente assassinado. Não posso fazer a criança voltar a vida, mas farei nascer dos olhos dela uma fruta maravilhosa, que muitos prazeres trará ao teu povo! “.

            Assim a índia fez. Plantou os olhos do filho e, pouco depois, viu brotar da terra uma planta que deu um fruto negro, com um aro ao redor, como se fossem... olhos !

            Assim surgiu o guaraná, um fruto da floresta Amazônica que é usado para dar energia a quem o bebe. Certamente você já tomou guaraná sob a forma de refrigerante. Mas existe também a venda o pó da fruta para fazer refresco.

Fonte: Almanaque Mato-Grossense de cultura popular, Ano I – Edição 02 – julho de 2006, p. 6-7

Honório Laucídio Galvão é professor, escritor e colaborador da Revista 4ª Poder de Poconé