Nossa Senhora do Livramento

 

            As origens são garimpeiras, em 1.730, paulistas descobriram ouro no Ribeirão dos Cocais, a seis léguas de Cuiabá e a três quilômetros do local onde mais tarde se formou a primeira povoação, berço da futura cidade.

            O primeiro nome popular foi Cocais, depois São José dos Cocais, em referência ao rei e ao santo protetor, a Lei n.º 11 de 26 de agosto de 1.835, criou a Paróquia de Nossa Senhora do Livramento, alterando assim o nome original de São José dos Cocais.

            A crendice popular livramentense, conta que durante uma viajem, ainda no começo do século XIX, a imagem de Nossa Senhora do Livramento passava pelo povoado de São José dos Cocais, vinda de Portugal, carregada em cima do lombo de um burro com destino à Vila Bela da Santíssima Trindade. A comitiva parou para descansar e na saída o animal que carregava a imagem da Santa empacou, não queria mais sair do lugar. Ao ser tirada a imagem de cima do lombo do burro este voltava a andar. A cada tentativa de colocá-la no lombo do burro observava-se nova empacada. Com isso os chefes da comitiva decidiram desistir de ir adiante e construíram um pequeno rancho, no qual entronizaram a imagem de Nossa Senhora do Livramento, a partir daí a santa emprestou seu nome a localidade.

            O Município foi criado pela Lei Provincial n.º 598, de 1.883. Em 31 de dezembro de 1.943, houve alteração na denominação, passando para São José dos Cocais, tratava-se de retomar o primeiro nome da localidade. A Lei n.º 179 de 30 de outubro de 1.948, alterou o nome de São José dos Cocais para Nossa Senhora do Livramento, voltando à antiga denominação.

             Visitar Nossa Senhora do Livramento é descobrir história, sentir a generosidade da natureza e conhecer de perto um povo que guarda as suas tradições. Mato Grosso tem em Livramento o rico folclore das festas de São Benedito, do Divino Espírito Santo e do Senhor Bom Jesus. A dança do Congo, o Siriri, o Cururu e o rasqueado embalam as fartas festas de adoração de santos que tradicionalmente atravessam dias.

            O município é uma cidade modesta e bucólica que sobrevive da agricultura e pecuária. A tranqüilidade típica de cidade interiorana faz com que os habitantes tenham hábitos antigos, como conversar á vontade na praça, dormir de janelas abertas, entre outros costumes distantes de serem mantidos nos grandes centros urbanos. O ato de cumprimentar as pessoas quase inexistentes nas grandes metrópoles, em Nossa Senhora do Livramento é “lei”.

            A religiosidade é outra constante na vida do livramentenses. A devoção pelos santos é tanta que os moradores escolheram São Benedito e Nossa Senhora do Livramento como os anfitriões-mores da cidade. A escolha não foi por acaso, o primeiro é o santo protetor da comunidade negra, que constituem a grande maioria da população livramentense. Já Nossa Senhora do Livramento é a padroeira da cidade.

            O clima religioso está presente nas residências, nas ruas e no cotidiano das pessoas. Para se ter uma idéia, ao chegar em Livramento a primeira imagem que o visitante verá é o de São Benedito. O santo estampado nas paredes da Casa de São Benedito apresenta o templo da cultura afro, que abriga as mais diversas manifestações da comunidade negra. O espaço construído pelos remanescentes de quilombos é aberto diariamente.

            Um outro ícone da fé é a Igreja de Nossa Senhora do Livramento, construída no século XVIII. A obra que tem como cenário  a Praça da Bandeira apresenta uma sucessão de paisagem - entre elas os casarios e as palmeiras. Localizado bem no centro, o templo chama atenção pelo seu modelo arquitetônico neoclássico, que passa a imagem de uma construção imponente.

            Outros atrativos a mais são as centenárias fazendas que guardam época dos escravos. Próximo ao município é possível conhecer a comunidade de Mato Cavalo, local onde residem as famílias remanescentes de quilombos. Lá o visitante entra em contato com a história dos negros mato-grossenses e encontra belas paisagens naturais.

            Os recantos históricos, como os casarios antigos, o relógio central também chama atenção pelo estilo colonial que apresentam. A cidade conserva as características do colonialismo,no traçado das ruas estreitas, dos casarões avarandados e nas pequenas casas de adobe.

            O município também é considerado o berço da cultura mato-grossense e portal de entrada para o Pantanal. Os habitantes costumam dizer que é em Livramento que inicia a região pantaneira. Para eles, as boas-vindas para que vem no Pantanal devem começar pela terra dos papa-bananas.

            Livramento é um lugar hospitaleiro, mas com um grande potencial turístico histórico e cultural. O sorriso constante e fala cantada fazem do povo um dos melhores cartões de visita para o forasteiro, que em qualquer lugar se sente bem-vindo. É na conversa com os moradores que o turista vai construindo o roteiro para a viagem, certamente cheia de novidades.

            As atividades culturais e religiosas são principais atrações regionais da cidade que realiza uma maratona de festas em adoração á santo. São mais de 15 por ano. O livramentense tem na veia o sangue de gente alegre, festeira e descontraída, tanto que todos os anos a cidade realiza o melhor carnaval do Estado de Mato Grosso.

            O aniversário da cidade em 21 de maio, quando se realiza inúmeras comemorações é mais um motivo para festejar onde reúne toda produção cultural do município. A gastronomia também presente oferece comidas típicas - paçoca de pilão, costelinha de porco com banana verde, a carne-seca com arroz (Maria Izabel).

            À toda essas iguarias acompanham licores e doces de banana, figo, pequi que além de muitos saborosos, ajudam na digestão.

            A festa da padroeira da cidade Nossa Senhora do Livramento que ocorre em setembro atrai diversos visitantes é outro atrativo.

            A festança traz todo o simbolismo da fé que incluem procissão, missas e visitas de bandeiras nas residências.

            Outros destaques são os grupos de siriri e cururu que vêm despontando no cenário regional artístico-cultural. A grande revelação é o grupo de siriri de Projeção Folclórica Bacuri que realiza uma ópera-sacra aos santos cultuados pela população mato-grossense. A religiosidade é mostrada através das danças populares e sacras como a do São Gonçalo, Congo, Rasqueado e outros ritmos.