Ilustre Produtora Cultural do Siriri Domingas Eleonor da Silva (Ocupante da Cadeira 30)

            Domingas Eleonor da Silva, fiel imagem da cuiabania por ser idealizadora do grupo de cururu e siriri Flor Ribeirinha, um dos mais famosos do gênero mato-grossense, já concorreu em 2009 ao prêmio Culturas Populares 2009 UNESCO - na categoria Mestre.

            Dona Domingas Eleonor é ribeirinha, nascida na beira do Rio Cuiabá. E, apesar de seus mais de 55 anos de vida, sabe tornar a cada ano o cururu e o siriri cada vez mais jovens, ao ensinar aos mais moços a conservar essas genuínas manifestações folclóricas. Dona Domingas conta que não só dança como também toca, ensina e faz cerâmica e diz que todas essas artes foram aprendidas na infância com a avó Tola (Maria Antonia), índia coxiponé, e com a mãe, Joana.

            Domingas é protetora e defensora de nossa cultura, cultura pantaneira e ou ribeirinha, fazendo com que as tradições sigam de mãe para filhos e netos que, sem exceção, não são só apaixonados pelo siriri, como também atuam ao seu lado no trabalho de divulgação da dança.  E para quem pensa que a paixão de dona Domingas começou há 18 anos com o Flor Ribeirinha, vale saber que a participação dela em grupos de dança veio muito antes deste. Dona Domingas foi integrante do primeiro grupo de siriri do Estado: o “Nova Esperança”. E, com ele, apareceu até na TV ao participarem da novela “Ana Raio e Zé Trovão” da extinta Rede Manchete.

            Com o tempo os membros do Nova Esperança foram morrendo e hoje os filhos e netos destes integrantes são os legados deixados para o Flor Ribeirinha. Para quem não tem conhecimento sobre o que é a magia do siriri, vale ressaltar que esta dança está na tradição pantaneira desde seus primórdios e consiste numa mistura das raízes indígenas, africanas, portuguesas e espanholas. Já o cururu, seu “par constante”, sofre com a falta de interesse dos jovens, segundo dona Domingas, de serem tocadores deste ritmo.

            E o trabalho incansável de dona Domingas tem dado resultado. Em todos estes anos o Flor Ribeirinha conquista cada vez mais admiradores por onde passa, até fora do Estado. Já se apresentou, entre outros locais, em: Belo Horizonte e Ceará e no Festival de Cultura de Montes Claros, em Minas Gerais, e não há quem não se encante com o colorido e o remexido das vestes dos dançarinos.  

            Para o orgulho de todos mato-grossenses a cultura regional foi bem representada durante a posse da presidente Dilma Roussef (PT) pelo grupo de siriri Flor Ribeirinha. O convite partiu do próprio Ministério da Cultura que já conhece o trabalho realizado por Domingas Eleonor da Silva, a querida Dona Domingas.

            A Associação Cultural Flor Ribeirinha, dirigida por Dona Domingas Eleonor, lançou ano passado, no “Quintal da Domingas”, localizado no bairro São Gonçalo Beira Rio, o projeto “Semente Ribeirinha”. Trata-se de fruto do projeto que recebeu prêmio do Ministério da Cultura - “Pontinho de Cultura”. O “Semente...” é voltado a crianças e adolescentes realizado através de gerações de moradores do bairro.

            Atualmente o projeto conta com a participação de muitos jovens que atenderam o chamado da comunidade e entenderam a importância da preservação e da difusão da cultura popular e de tradição. Com isso, foi observado, pelo grupo que coordena o trabalho, a “Associação Flor Ribeirinha”, o interesse de crianças que foram influenciadas pela participação dos jovens e pelo crescente interesse da população cuiabana nas tradições e ações desenvolvidas pelo grupo, despertando o interesse na participação.

            Domingas Eleonor da Silva, fundadora do grupo de dança folclórica de siriri Flor Ribeirinha da comunidade de São Gonçalo Beira Rio, ajuda a fomentar, mesmo que indiretamente, a projeção do cururu e siriri para todo o Mato Grosso bem como todo Brasil.